Estar no mundo é
diferente de viver o mundo.
Vivê-lo é enxergar as
entrelinhas do aparente
captando no silêncio a
canção do universo.
Degustar o nunca –
este eterno sempre
pois os contrários não
se opõem,
eles se abraçam
formando o todo inseparável,
o que aparenta um fim,
é apenas outro começo.
O que viceja como assombrosa novidade
simplesmente adormecia
na imaginação.
O antes, o agora e o
depois são um só:
eternidade em
construção.
O limite é a porta
para o ilimitado
tudo se mescla, um
completa o outro.
Somente quebrando as barreiras
percebe-se que o mundo
é um só
pois cada diferença
é apenas um tom
do mesmo brilhante.
Então por que lutamos tanto
para realçar um mundo
pequenino,
tão fragmentado:
países, negro, branco...
Cristãos, muçulmanos,
judeus...
Escolhendo um,
renegando o restante
se tudo é apenas uma
outra face
de cada um de nós?
Erguer sisudas muralhas
é não avistar outras
paisagens
pois além das
fronteiras
existe um outro – tão
meu.
Marta Reis
Marta Reis
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